25.9.06

PROFESSORES


Sei que há os bons e os menos bons e que também existem os maus professores.

No final da semana passada fiquei a conhecer uma má professora.
Mostrou falta de respeito pelo aluno e pela mãe do aluno enquanto pessoas.
Incapaz de compreender um mau-estar do aluno, que eu sei ser uma frustração pela incapacidade em corresponder às suas próprias expectativas, gozou com o aluno em plena aula à frente de todos os outros.

O caso é que o aluno entregou uma folha de desenho em branco.
Trata-se de um bom aluno nas ciências exactas mas não tão bom na área da criatividade.
Imagino o sentimento de frustração que o invadiu por ter de entregar a folha em branco.
A professora pediu-lhe que voltasse para o lugar e tentasse fazer qualquer coisa. Um primeiro erro, embora desculpável. Considerou ser uma oportunidade para que o aluno conseguisse algo em poucos minutos.
O aluno sentiu-se "obrigado" a continuar no mesmo registo: continuar a sentir a mesma frustração e incapaz de apaziguá-la com a possibilidade de sair da sala depois de já ter tocado para a saída.
Amuou.
A professora falou com ele - então o menino amuou, foi?- Mais um erro, mas este, ao contrário do primeiro, denota falta de respeito pelos sentimentos e uma incapacidade em oferecer ajuda. Os colegas falaram com ele - então a professora deu-te um oportunidade e ficas assim? Devias estar agradecido!
O aluno sentiu-se criticado, gozado. Adicionou mais um rol de sentimentos negativos aos que já estava a sentir.
Só conseguiu reagir fugindo da sala.
A professora sente-se culpada, naturalmente. E resolve falar com a mãe.
Conta-lhe a sua versão do sucedido. Não se desculpa e ainda aproveita para criticar a mãe, de uma forma subtil, referindo que um comportamento daqueles do aluno não pode existir sendo a mãe quem é a nível profissional.

O que fazer com este novelo de disparates e má-formação?
Eu sou a favor de uma avaliação dos professores. Mas feita de uma forma adequada e isenta.
Não basta saber as notas que um prof deu a uma turma (excesso de negativas ou de positivas), nem a opinião que os pais têm do prof (que pode não ser isenta).
É necessário saber o perfil psicológico, a maturidade, a segurança, a resistência ao stress, a compreensão da faixa etária a que se candidata a dar aulas, a motivação, entre outras que não me ocorrem agora.
Afinal , dar aulas não pode ser algo que obrigatoriamente alguém faz apenas porque tem uma licenciatura.
O lugar de professor pode até ser comparado ao lugar de controlador de tráfego aéreo. Candidatar-se a um lugar que exige um esforço desta natureza não é para qualquer um.
Nos dois casos está em jogo a vida de pessoas.

Foto de http://www.istockphoto.com

2 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

Tens toda a razão, está em jogo a vida de pessoas e parece-me que as competências pedagógicas da professora estiveram em baixa. Mas os professores não ganham como um controlador de tráfego aéreo, não ganham para ser resistentes ao stress e terem a profissão de altos riscos e curta duração, devido ao mesmo stress, que agora desempenham. Como podes aventar a hipótese de um professor, par aocupar um lugar ter de ser avaliado quanto à maturidade, à segurança e resistência ao stress? E nas outras profissões importantes, não? Então e uma pessoa de 23 anos, como está de maturidade e segurança, tem-na em doses suficientes para poder ser professor? Está sempre em jogo a vida de alguém, mas últimamente, coitada da vida dos professores! O que não quer dizer que a referida professora tenha agido da melhor forma possível. Mas agirá bem noutros campos. As pessoas não são máquinas, nem os profissionais. Não sei de onde veio agora essa ideia tão pouco humana, tão pouco sensível.
Desculpa lá TEssa, mas tinha que te deixar este comentário.

Tessa disse...

Não peças desculpa, os comentários são bem-vindos.
Nalguns pontos tens razão.
Talvez não se ganhe o suficiente, mas até isso é subjectivo: não se ganha o suficiente neste país em qualquer que seja a área (excepção feita à advocacia e à medicina e a alguns altos cargos de gestão).
Não concordo quando pões em dúvida a maturidade de alguém de 23 anos. A maturidade, segundo a minha opinião, não está unicamente dependente da experiência de vida. Para mim liga-se também à maturidade do desenvolvimento psicológico do indivíduo. E, assim sendo, podes ter pessoas de 50 anos que são menos maduras em termos desenvolvimentais do que uma outra de 23 anos.
Há professores nessa faixa etária que mostram maior maturidade, organização, disponibilidade para o aluno, objectivos em relação à coesão do grupo/turma e académicos, do que outros com mais experiência de vida e de serviço pedagógico.
Não peças desculpa, os comentários são bem-vindos.