27.10.06

25.10.06

TROCA DE PRESENTES

Ela, com as mãos atrás das costas:
- Tenho um presente para ti. Foi difícil encontrar, já que tens tudo. Era o que mais querias há uns anos, agora não sei bem.
- Não precisavas.
- É um prazer dar-te o presente.
Ele expectante. Ela sem saber bem o que dizer a seguir.
- Aqui vai...
E coloca-lhe nos lábios um beijo sensual.
Nele, um momento de baque, os lábios entreabertos a pedir mais....
-Isto é o embrulho?
- Não tive tempo de fazer o embrulho. Isto é o presente.
- Foi delicioso...Não te disse, ainda, mas tenho um presente para ti.
E coloca nos lábios sorridentes dela um beijo sensual e apaixonado com embrulho e laçarote.

22.10.06

PRAZER


Onde estiveste todo este tempo?
Nunca te vi mas sempre te desejei em sonhos.
O teu cheiro, o toque, a envolvência, até o teu sabor, sabia-os de sonhos. Apenas de sonhos. Aqueles meus sonhos de olhos acordados.

Ontem encontrei-te e foi uma loucura o ter-me deixado envolver por ti durante toda uma manhã e tarde.
Agora que te senti dentro de mim e te saboreei até ao último dos teus sucos, és a minha droga. Vivo para te sentir novamente.

Procuro-te em todo o lado. Sei que dificilmente de alcançarei novamente.
Não me apareças nas mãos de alguém. Não te atrevas a pertencer senão a mim. Sucumbirei se assim fôr.


Foto de www.aondevamoscomer.com

ALIMENTAR / ELEMENTAR

As crianças têm sede de conhecimento e fome também.
Pergutam: "como apareceu o primeiro homem?", "pode cair um meteorito na terra?", "porque é que morremos?".
Tanta fome, tante sede.
Não há respostas certas para algumas perguntas. As respostas vão sendo decobertas pelas crianças ao longo da vida.

É preciso saciar-lhes a fome. Mas como?
O bebé tem fome de leite. A mãe alimenta-o. Segura-o, aconchega-o no colo, olha-o com ternura e dá-lhe mama (ou biberão). A mãe deseja aquele momento de ternura, aquela ligação especial. O bebé também o deseja pelo saciar da fome e pelo prazer total.

A alimentação é uma experiência única que envolve o alimento, o toque, o cheiro, o olhar, os sons (inclusivé a voz materna). Não é só meter comida ou leite pela goela aberta do bebé. Se assim é deixa de ser uma experiência completa que envolve emoções e sentimentos para passar a ser apenas algo funcional: toma lá, já está.

Já vi disto. E era assim. O bebé estava deitado numa cadeirinha no chão de uma sala de espera. A mãe pegou no biberão e colocou-o na boca do bebé, sustentando-o com a ajuda de uma fralda. E o bebé ali ficou sem que a mãe o olhasse, sem que o tocasse, sem sentir o cheiro dela. A alimentação para ele era apenas uma função de encher o estômago.

Parece-me que o mesmo se passa com o conhecimento. Temos sede e fome de conhecimento. Por vezes temos substitutos das mães e dos pais que apenas nos apresentam o conhecimento de uma forma muito funcional: toma lá, já está, espero que aprendas.

A educação é também uma experiência única e completa.

17.10.06

The Miniature Earth

A nossa pequena aldeia e a dádiva que é aquilo que temos.

15.10.06

NO TEMPO DOS SONHOS DE OLHOS ABERTOS, SONHEI:


com aquele aconchego campestre, desprovido dos bens citadinos, mas recheado da pureza e da
envolvência do que é simples e sublime.

12.10.06

EU, ARMADA EM ORIENTADORA

Foto de tangodiva.com


-Então e a sua tese é sobre que assunto?
-Vou explanar sobre os episódios que grassam incessantemente vorazes nos meandros dos estabelecimentos e que, como o nome indica, se reportam à diversidade.
(Aaahhh, estou a ver, vão ser folhas e mais folhas de um amontoado de palavras de sonoridade prazenteira mas sem nexo)

EU, CHEIA DE PRESSA EM DESCANSAR


A mais velha quis comer pão.
Foi uma fita desgraçada porque não quis o pão que tinha só umas pontinhas de bolor.
A mais nova viu e quis logo comer pão.
Foi a saltitar para a cozinha e a cantar "vou comer pão".
A mim, que não me apetecia cortar mais fatias "e a minha queridinha não quer antes uma bolachinha tão boa com pepitas de chocalte, ãhn".
"Não! Quero comer pão".
RRRRRRRR
Lá fui cortar fatias de pão sem bolor.
"E queres pão com quê?"
"Com manteiga azul."
(E se eu desse a esta o pão com bolor? Assim já não tinha que barrá-lo).

NHA TERRA

Em tempos pensei agradecer aos tropas que estiveram na Guiné-Bissau o terem ajudado a manter a guerrilha (como lhe chamavam) em zonas longe da capital.

Mas há muito tempo que sei que aquele era o espaço de todos nós (brancos e pretos), era tanto a minha terra como a dos que lá viviam. Ainda hoje admiro o Amílcar Cabral, só tenho muita pena que as gentes actuais tenham deixado descambar a minha terra e não a tenham amado como deveria ser amada. Não amem cada pedacinho de terra, de mar, de rio lamacento, de pântanos, de lagos com nenúfares, de verde até perder de vista, do cheiro da chuva a bater em bátegas na poeira vermelha das estradas do interior.

No fundo as nossas vidas são manobradas por outros que, por azar das circunstâncias, têm mais poder do que nós; pelo momento histórico que nos tolda o pensamento...

2.10.06

MERDAS QUE CHATEIAM

Quando desenvolvemos um trabalho esperamos a recompensa.
Pode ser em géneros ou em dinheiro (que afinal é um género, também).
Nunca trabalhamos em vão.
A recompensa pode até ser o bem-estar de ver o trabalho terminado ou ver reconhecidas as nossa capacidades de o realizar; pode ser a obtenção de um grau de mestre ou doutor; pode ser também ver o outro criado ou saudável.
Neste último trabalho que fiz ainda não vi nenhuma destas.
Depois de ter aturado um ser que de humano só tem fachada ou máscaras, ter realizado e ter ajudado num trabalho que era apenas um amontoado de palavras bonitas, vejo-me privada da única retribuição que poderia ajudar a um sentimento mais ameno.
Há pessoas destas.
Como obrigar ao pagamento? Passa pela minha afirmação inequívoca dessa necessidade; pela minha frontalidade; pela minha assertividade.
Logo se vê, mas não me queixo mais.
O próximo post será de denúncia: com nome, idade, tipo de trabalho, e tudo o resto.
Posso denegrir?
Serei, alguma vez, colocada perante a justiça pelas minhas palavras?
Como dizem no Alentejo "Ah, puta dum cabrão".

MAFALDA